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And the oscar goes to…

fevereiro 8, 2008

O Ministério da Justiça usa o critério de faixa etária para classificar os filmes postos em exibição nos cinemas e/ou vendidos em DVD. Além da classificação por idade, você poderá encontrar a descrição resumida das cenas que levam o filme a ser taxado como “Classificação Livre” ou “Inapropriado” para esta ou aquela idade.

Dentre as expressões mais utilizadas, destacamos duas: “temática com impropriedade” e “desvirtuação de valores”.

O primeiro termo se refere a quando um filme trata de um certo assunto sem veicular informações suficientes para a sua correta compreensão, ou veiculando informações distorcidas. Trata-se de um erro de informação.

Já o segundo termo diz respeito a uma inversão de conceitos morais e éticos tratando os conceitos inaceitáveis como aceitáveis e os aceitáveis como se fossem indesejados. Trata-se de um erro de juízo de valor.

Na verdade, os dois critérios se completam. Do ponto de vista deste simplório colunista (de araque), todas as vezes que há uma desvirtuação de valores, há necessariamente a exposição de uma temática com impropriedade (muito embora não possamos dizer que o oposto também seja uma regra).

Dito isto, foi com um misto de esperança e desconfiança que recebi a lista de indicados a melhor filme na premiação do OSCAR 2008. Antes de explicar porque, vou apresentar a você os concorrentes:

Conduta de Risco – Filme sobre um advogado que surta ao se deparar com um complexo caso da firma de advocacia para a qual trabalha.
Onde os Fracos Não Têm Vez – Filme western sobre um homem que se vê perseguido por roubar o dinheiro de um traficante
Sangue Negro – Épico sobre um homem que põe seus conceitos e sua família a prova quando encontra na exploração de petróleo um caminho curto par a riqueza.
Desejo e Reparação – Drama sobre os acontecimentos que acometeram uma família no cenário da segunda guerra.
Juno  – Comédia romântica independente sobre uma adolescente que se vê grávida de um colega de escola.

Em 2006, a academia premiou um filme complexo, difícil de se digerir: Crash – No Limite, um inteligente apanhado das várias faces do pré-conceito e de como elas se conectam. Porem, em 2006 foi a vez do diretor Martin Scorsese levar a estatueta pelo seu Os Infiltrados, um filme tido pela crítica como “uma análise social do gangsterismo”, que, no fim das contas segue mesmo a linha da estilização da violência (vide 300) e da celebração da perversidade (destaque para as cenas de tiros e sangue em câmera lenta ao som dos Rolling Stones).

Assim, quando vi a lista acima, fiquei na dúvida: iria o OSCAR premiar novamente cineastas que utilizam o primor técnico para sobressair o pior do comportamento humano? Ou seríamos poupados das análises sociais coreografadas, ritimizadas e musicalizadas da “violência-pop” em privilégio de filmes com maior conteúdo dramático? Traduzindo, teríamos que agüentar todo mundo correndo pra locadora pra assistir Onde os Fracos Não Têm Vez? Ou poderemos sorrir com resignação quando algum frustrado protestar: “Como é que premiam com a estatueta de melhor filme um filme como Conduta de Risco”?

Mas o problema não para por aí. Mesmo que tenhamos filmes premiados na linha de Conduta…, Desejo e Reparação ou Juno, será que a temática destes filmes é tratada com impropriedade? Será que há desvirtuamento de valores éticos?

Enquanto que a Academia parece privilegiar cada vez mais a técnica em detrimento do roteiro, fica a pergunta para nós: a que película daremos o Oscar de melhor filme? E se nenhum deles merecer ser visto, o que faremos?

Lembrem-se de uma coisa: nosso filtro é bem mais amplo do que o filtro da comissão julgadora que forma a maior premiação do cinema mundial.

Marcel Hessel, crítico do site Omelete assim dispôs sobre o filme Os Infiltrados: “Filmar a violência é uma forma de tentar entendê-la, tentar entender aqueles que a utilizam e, por extensão, compreender as próprias divisas da nossa sociedade.” Não sou crítico profissional. Mas, com o perdão da ousadia, filmar a violência da forma como têm feito grandes como Martin Scorsese, Quentin Tarantino e outros é mais uma forma de incentivo do que de análise. A estilização e a celebração da mesma em nada contribui para a compreensão do fenômeno real que assola o nosso país. Ao inverso, justifica aqueles que fazem uso dela e populariza seus métodos.

Assim, vamos esperar ansiosos até o dia da grande festa para conferirmos se o Oscar vai para o melhor filme ou a melhor desvirtuação de valores.

Abração…

Ângelo Bernardes

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Três tendências perigosas no cinema da atualidade

janeiro 29, 2008

Bom dia amigos. Fazia tempo, né? Ok, ok. Eu sei que deixei muita gente na mão. Peço infinitas desculpas. Mas aqui estamos com os quatro posts atrasados, todos de uma vez, como se eu nunca tivesse deixado de postar (calma, calma, num to querendo enrolar ninguém).

Pois é. Neste post vamos falar de tendências. Se você é observador e freqüenta assiduamente as locadoras, com certeza este post lhe será útil.

Entenda uma coisa: Há os filmes produzidos com enfoque no público e há os filmes produzidos com enfoque na arte. Quando analisamos o primeiro grupo é possível extrair uma lógica simples: se um determinado filme faz sucesso, logo muitos outros virão no mesmo formato e com conteúdo parecido até que o público enjoe daquele tipo de produção e force os diretores a nos entregar algo novo. Assim, é possível estabelecermos alguns padrões que estão em moda agora e que você, como cristão, deve conhecer para se precaver. Aqui vamos nós:

1. Sexologia barata: As comédias românticas são as principais vítimas deste tipo de abordagem. As mulheres talvez discordem de mim, mas fica claro que há uma tendência no cinema em focar a falta de sexo como a raiz de todos os problemas e a volta do mesmo como a solução máxima para todos os relacionamentos. Nada de cumplicidade, arroubos românticos ou desencontros amorosos. As comédias românticas estão sendo apimentadas com traições, homossexualismo, sexo deturpado e mentiras.

2. Fantasia: Filmes-fantasia estão sendo produzidos em série: Harry Potter, O Senhor dos Anéis, A Bússola de Ouro, Ponte Para Teratíbia, dentre muitos outros que vêm por aí. Em que pesem as pregações empolgadas sobre mensagens subliminares, o maior problema desses filmes é a familiarização do público com o ocultismo distorcido, no qual elementos condenados por Deus como feiticeiros, rituais pagãos e adivinhações são apresentados sob um manto de bondade. Cuide do seu “Ponto de Diferenciação.”

3. Violência-pop: Os dois filmes mais aclamados pelo público brasileiro deste filão são nacionais: “Cidade de Deus” e o mais recente “Tropa de Elite”. Interessa mais mostrar cenas demoradas e detalhadas de violência do que o contexto social por trás dela. Alguns filmes, como o suspense de quinta “O Albergue”, valem-se apenas de chocar o telespectador. A violência tornou-se popular e divertida. Na vida real, continua aterrorizante e apocalíptica, mas o público da violência-pop parece separar bem as duas coisas. No conforto de suas salas, tiros e mutilações parecem ser elementos de entretenimento. Paradoxal não? Cuidado com a manipulação dos seus sentidos. Lembre-se da “Teoria da Sopa de Rã”.

Tá avisado. Que Deus os ilumine.

Abração,

Ângelo Bernardes.